Sinopse
oficial: Outubro de 1972. O avião Fairchild
F-227 da Forças Aéreas Uruguaia, que levava um time uruguaio de rugby, Old
Christian’s Club de Carrasco, acompanhado de familiares e amigos para
um amistoso no Chile, cai em algum lugar nas profundezas dos Andes. Dos
quarenta e cinco passageiros a bordo, vinte e nove sobreviveram à queda e
apenas 16 são resgatados com vida naquele que ficou conhecido com um dos mais
célebres desastres aéreos da História. Em ‘Milagre nos Andes’, o uruguaio Nando
Parrado – principal responsável pelo resgate de seus amigos nas montanhas após
72 dias de agonia – é o primeiro dos sobreviventes a contar, com extraordinária
franqueza e sensibilidade, a sua própria versão do acidente. O resultado supera
o simples relato de uma aventura real; é um olhar revelador sobre a vida à
beira da morte. Um livro viciante!! Parece que você está dentro daquele avião ao ler o livro.
Uma biografia de Nando
Parrado, sobrevivente da queda de um avião em 1972 em plena Cordilheira dos
Andes, onde ele e seus amigos permaneceram por setenta e dois dias até serem
resgatados graças à coragem e fé de Nando que andou dezenas de quilômetros atrás
de ajuda. Uma historia real comovente de superação, luta, união e esperança.
Passaram por situações que vão além do extremo para conseguirem sobreviver à
temperatura abaixo de zero, a fome, com ferimentos e nada que lhes desse
suporte. Ajudaram com bravura uns aos outros, se alimentaram de carne humana de
seus amigos já falecidos devido à queda do avião, ferimentos, frio e fome. Um
feito impressionante e admirável. Uma história trágica, porém bela em seu
contexto de amor e amizade. Com letras médias e páginas pequenas, a leitura é
fácil e envolvente. Bem escrito e descritivo. Nando, após a queda do avião,
ficou inconsciente alguns dias devido a uma fratura no crânio. Perdeu a mãe e a
irmã neste acidente e lutou para sair de lá pensando em seu pai e na dor que
sua possível morte causaria. Minha ressalva é apenas ao fato de Roberto Canessa
ter sido tão destemido e herói quanto Nando e ser retratado como coadjuvante.
Canessa é um personagem que gostei bastante por sua personalidade forte. Fica
evidente que todos os sobreviventes só o conseguiram graças à
solidariedade mútua e ajuda uns dos outros. Com a organização de Marcelo – o
capitão do time, com o humor de Carlitos, com a coragem de Tintin, os primeiros
socorros de Gustavo Zerbino, as ideias criativas de vários para ajudar no
dia-a-dia, a perspicácia de Roy que após a avalanche salva vários dos amigos e
assim por diante. A união de todos em se abraçar a noite para manter o corpo
minimamente aquecido e dividir com exatidão um gole de vinho e um quadrado de
chocolate cada um como refeição durante os primeiros dez dias. Confesso que
chorei igual criança quando eles conseguem ajuda e são resgatados dos Andes,
mesmo já conhecendo bem a história.
Foto tirada antes da viagem.
O livro,
inclusive me despertou o interesse de assistir dois documentários sobre a
história que gostei bastante, um sendo “Estou vivo! Milagre nos Andes” (documentário postarei lá embaixo). O livro
narra também à vida dos jovens antes do acidente e depois que eles voltam para
casa, reestruturando suas vidas, casando e tendo filhos, não se atendo apenas
ao desastre. Adorei a leitura e a recomendo para quem gosta de um bom drama.
Foto tirada dentro do avião, poucas horas antes do desastre.
Foto tirada dentro do avião, poucas horas antes do desastre.
Quando os sobreviventes descobrem primeiramente que o resgate foi
cancelado, todas as esperanças de sobrevivência são destruídas, de modo que
estavam sozinhos a partir daquele momento. Tiveram que escalar montanhas
enormes, dormir ao relento (no frio extremo) e suportar o cansaço e o
esgotamento.
O que achei incrível foi o
questionamento sobre a intervenção de Deus, a que momento ele intercedeu, por
que ele deixou que tantos morressem, enquanto outros 16 voltam para casa.
"— Como é que podes ter
tanta certeza de que, de todos os livros sagrados do mundo, aquele em que te
ensinaram a acreditar é a única palavra autêntica de Deus? - perguntava ele -
Como é que sabes que a tua ideia de Deus é a única que é verdadeira? Somos um
país católico porque os espanhóis vieram e conquistaram os índios que aqui
viviam e depois substituíram o Deus dos índios por Jesus Cristo. Se os Mouros
tivessem conquistado a América do Sul, estaríamos todos a rezar a Maomé em vez
de Jesus."
Sobreviventes resolveram tirar fotos para que, caso alguém achasse o avião depois de muito tempo, visse que eles lutaram para sobreviver.
Incrível também
o amor do Nando pelo seu pai, que mesmo não sabendo, foi o que o tirou
dali, o que o impulsinou a continuar, lutar por si, por seu pai, e pelos seus
amigos!
"Era impressionante: apesar de todo o
seu poder, as montanhas não eram mais fortes do que o meu apego a papai. Tive
um momento de calma e clareza, e dentro dessa clareza de pensamento, descobri
um segredo simples e aterrador: a morte tem um oposto, mas ele não é apenas a
vida. Não é a coragem, a fé ou a vontade humana. O oposto da morte é o
amor."
Creio que o
acontecimento nos Andes deve ter despertado muitos jovens, para se aventurar,
porém nesse ponto eu tenho que fazer uma ressalva, na situação apresentada pelo
livro ninguém, escolheu o que aconteceu, simplesmente foram obrigados a se
adaptar a situação apresentada e o direito maior das pessoas que é o de viver.
Nessa parte acho que Nando Parrado, jogador de rugby, que acabou se tornando o
líder, com uma tomada de decisão poderosa de sair das montanhas, se destacou,
ele mostrou claramente a luta pela sobrevivência, elevada ao limite, num ponto
que ele não poderia chorar pela morte da mãe e da irmã para não desperdiçar sal
do corpo e assim sobreviver. A realidade nas montanhas é crua, sendo assim eu me
lembrei das aulas de determinismo geográfico na escola, a montanha é muito
cruel, fria, sem vida, ar rarefeito e uma tremenda dificuldade então como eles
conseguiram sobreviver? O autor chegou a conclusão dele no final do livro e
como participante da situação quem sou eu para discordar da opinião dele, tenho
somente que respeitar e continuar a leitura sobre a sua ótica.
Sobreviventes dentro da fuselagem do avião.
Fato é que ocorreu
desde o início um grande processo de gestão na comunidade que eles criaram, no
meio das montanhas, com divisão de tarefas para todos cada um fazendo o que
sabia melhor, alguns sem querer agir mas mesmo assim ninguém querendo mais
mortes. Uma situação complicada que mostra o grande instinto de sobrevivência,
alimentação de carne humana dos mortos, é preciso ter estômago para essa parte
pois é uma situação que está muito distante de nós. Contado de forma clara,
sobre sabor, como era preparada, as partes do corpo escolhidas para degustação,
e que parece ter gerado uma polêmica enorme na época, embora eles não fossem
condenados por tal, e na minha opinião nem poderiam.
Outro fato é a
questão religiosa, temos todos os tipos apresentados no livro, da negação de
Deus, passando por pessoas que têm fé, mas não tem religião (o personagem
Arturo foi descrito de forma sensacional), até os mais religiosos e o perfil do
autor personagem da história, que é um cara que não consegue ver Deus como
divindade, mas como um relação sentimental (AMOR) e que até hoje mantém
seu ceticismo religioso declarado e que por isso é criticado por muitos grupos
religiosos e exaltados por outros.
Após 72 dias finalmente chega o resgaste.
Gostei também do
final do livro, que mostra a volta dos sobreviventes, e como eles estão até o
ano em que o livro foi escrito (2006), dá pra ver o misto de emoções e
aprendizados gerados pela situação, e funciona como um livro de de auto-ajuda,
que eu super indico para quem curte o gênero.
Sobre as
conclusões do autor do que fez conseguir tomar a decisão importante, e principalmente
sobreviver, eu concordo. Mas não consigo deixar de pensar em situações como o
fato de ser atletas, que querendo ou não tem condicionamento físico muito bom e
estavam com um certo sucesso no Uruguai, jovens de família de classe média para
alta, sendo assim pessoas com uma boa alimentação e qualidade de vida,
características físicas que fizesse com que suportassem os Andes.
Sobreviventes se reúnem 1x ao ano no mês do resgate( 1973 até nos dias de hoje).
Além do que
no início da história mostra o rugby como disciplina moral, na vida destes
jovens que começaram a prática do esporte no colégio e alguns dos ensinamentos
descritos, como proteção dos colegas que caiu, obstinação são mostrados
claramente no decorrer dos 72 dias na montanha. Também fatores da personalidade
de Nando como o fato de não ter feito muita coisa na vida e o desejo de
conseguir mais e a teimosia do jovem estudante de medicina Roberto Canessa,
participante super importante e companheiro de escalada do autor, podem ser
somadas a opinião do autor, para mostrar porque esses jovens sobreviveram.
Sentados: Nando Parrado e Roberto Canessa.
A obra é para estômagos e
nervos fortes e também é uma leitura obrigatória para pessoas que tem
curiosidade para saber tudo o que aconteceu de fato com o grupo de
atletas de rugby.
Para
quem é apreciador de uma boa leitura saiba que “Milagre nos Andes” apresenta um
texto bem coordenado, devido à boa capacidade literária do sobrevivente e
autor. Termino então com uma frase que para mim poderia ser colocada como
a principal do livro: "Todos temos os nossos próprios Andes".
Documentário: https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=J17VaJaJVT0
Abraço!!!
De fato é um livro muito bom. Gostei bastante quando li. Parabéns pela dica.
ResponderExcluirRealmente foi uma situação muito angustiante para todos eles.
ResponderExcluirSimilar, em grande parte, ao acontecido com os mineiros do Chile, presos naquela mina por dias, e muitos desses dias sem esperança de resgate.
Bem lembrado o lance das minas
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